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  • Foto do escritorKali Dinis

Automedicação: razão ou consequência do aumento do número de farmácias?

Atualizado: 28 de nov. de 2019



As pessoas estão ficando mais doentes ou as farmácias estão obtendo lucro em cima de um hábito comum de se automedicar? No Brasil, a automedicação é a solução paliativa de muitas enfermidades e o costume de comparar os preços dos produtos entre uma farmácia e outra também.


O aumento no número de farmácias nos últimos cinco anos no Rio de Janeiro é considerável. O número de farmácias cresceu em 40% na cidade maravilhosa. O maior crescimento foi na região Sudeste do Estado. Com relação a automedicação, é um hábito muito comum entre os brasileiros. Segundo uma pesquisa feita em 2019 pelo Conselho Federal de Farmácia (C.F.F.), 77% dos brasileiros se automedicam e 53% são mulheres.


Quem faz parte dessa estática é a estudante Larissa Gomes, de 20 anos, que conta que o costume de se automedicar vem de família. “Desde pequena, minha mãe sempre sabia qual era o melhor medicamento para os meus sintomas comuns, especialmente para alergia”. Ela completa que se guia também pelos comerciais da televisão para comprar remédios para enxaqueca, que é frequente na rotina dela.


Na pesquisa feita pela equipe de reportagem, de 165 pessoas, somente 14 não têm o costume de se automedicar, sendo 8,5% do resultado final, enquanto 50 entrevistados responderam que têm esse hábito, que forma 30,3%. Além desses dois pólos, a maioria afirma que às vezes busca a automedicação como solução, ou seja, 61,2%. É o que mostra o gráfico ao lado.






A fórmula básica da automedicação é a pesquisa por conta própria dos sintomas semelhantes na internet. Assim como Larissa, a influência digital e televisiva é impactante. Da amostra de 165 entrevistados, 69 pessoas têm o costume de consultar sintomas de doenças na internet (41,8%), 52 indivíduos afirmaram que às vezes buscam esse caminho (31,5%) e 44 negam essa atitude (26,7%). É o que completa o infográfico a seguir.


Para o espanto de quem vai aos hospitais regularmente, 110 entrevistados disseram que já deixaram de ir a um especialista por acreditarem não ser necessário. A justificativa desses 66,7% é de que tinham conhecimento dos sintomas que sentiam, enquanto 55 pessoas negaram ter deixado de procurar ajuda médica, que formam 33,3% do resultado final da pesquisa. Esses são os dados do infográfico abaixo.

Por outro lado, ainda existe parte da população que vai aos hospitais, mas não segue a orientação do especialista. A pesquisa feita pelo Conselho Federal de Farmácia constatou que dos 77% de brasileiros que se automedicam, quase metade (47%) faz isso pelo menos uma vez por mês e um quarto (25%) faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. O estudo detectou ainda uma modalidade diferente de automedicação, a partir de medicamentos prescritos. Nesse caso, o paciente passou pelo profissional de saúde, recebeu o diagnóstico, mas não toma os remédios conforme o que está indicado na receita.


A modificação das doses para mais ou para menos é um comportamento relatado pela maioria dos entrevistados (57%), dentre eles 60% são homens e jovens de 16 a 24 anos (69%). Para os pacientes que reduzem as doses dos medicamentos, sendo eles 37% dos entrevistados pela C.F.F., o principal motivo alegado foi a sensação de que "o medicamento fez mal" ou "a doença já estava controlada". Em minoria, 17% disse que a razão da atitude foi o custo altos dos remédios.



Por outro lado, a homeopata, Dra. Sandra Alves, acredita que a procura por tratamento homeopático tem aumentado consideravelmente porque as pessoas querem a ajuda de um médico para uma vida mais saudável. Ela afirma que para que o tratamento seja efetivo, é preciso de um diagnóstico exato do problema. “A automedicação é totalmente errada porque às vezes um sintoma aparentemente simples pode ser o início de uma doença mais séria”. A doutora diz que a homeopatia também tem função preventiva porque atua no fortalecimento do sistema imunológico do paciente.


Existem aplicativos com a função de comparar os preços dos produtos farmacêuticos como consequência do costume da população mediante tantas possibilidades de drogarias. Segundo a pesquisa feita pela equipe de reportagem, mais da metade dos entrevistados (58,2%) têm esse hábito, em número absoluto são 96 pessoas. Contrário a elas, 19,4% (32 indivíduos) não comparam os preços entre as farmácias. No meio termo, 22,4% (37 pessoas) afirmaram que às vezes fazem essa relação de valores. Os resultados estão no infográfico ao lado.


Fora às preocupações de preço, é necessário alertar sobre os possíveis riscos da automedicação. Essa prática se tornou comum entre os brasileiros e é representada com o crescente número de farmácias que abrem nas cidades. A quantidade de farmácias já atingiram um número maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde. A OMS diz que a relação entre farmácia e população deveria ser de 1 para 8 mil habitantes.

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